SESSÃO ESPECIAL PELOS 12 ANOS DA FACULDADE MONTESSORIANO

Hoje, 07 de dezembro de 2017, realizamos a nossa 1ª Sessão Especial em comemoração aos 12 anos da nossa Faculdade Montessoriano. Uma sessão que foi viabilizada através da Vereadora Aladilce da Câmara Municipal de vereadores da Cidade de Salvador.

Foi uma manhã cheia de emoções e confraternização, falamos sobre os desafios da educação para a diversidade no ensino superior e como a nossa Faculdade Montessoriano tem feito esse papel em nossa comunidade durante esses 12 anos de existência. 

Vamos compartilhar com você a fala da nossa Coordenadora Geral Tatiane Souza:

Saudações fraternas à Vereadora Aladilce, que nos recepciona gentilmente hoje nesta casa, aos colegas professores, colaboradores e gestores, aos estudantes, parceiros e amigos da Faculdade Montessoriano de Salvador.

 

A Faculdade Montessoriano de Salvador é uma instituição de educação superior privada, sem fins lucrativos, que atua há 12 anos com formação de professores e gestores. Integra o Grupo Educacional Montessoriano, com experiência de mais de 35 anos, tendo como mantenedora a ADESCBR – Associação para o Desenvolvimento Sociocultural da Boca do Rio. Atualmente, somos responsáveis pela formação direta de 360 estudantes, matriculados nos cursos de Bacharelado em Administração Geral, Licenciatura em Pedagogia e mais quatro cursos de pós-graduação lato sensu na área de Educação: Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Alfabetização e Letramento, Educação Especial e AEE, e o mais recente Libras com ênfase em Educação de Surdos.

 

 

Nossa Faculdade, como bem frisou Sr. Juraci Matos, foi criada para garantir uma educação superior de qualidade a jovens e adultos que pertencem, em sua maioria, a uma camada da população soteropolitana, que sofreu privações na educação básica, em decorrência das desigualdades estruturais presentes no nosso país. Buscamos, portanto, promover uma educação diferenciada, que os faça acreditar e efetivamente desenvolver seus potenciais, <strong>uma educação inclusiva</strong>. Vivenciamos este conceito de forma bastante abrangente, pensando nos aspectos <u>sociais, culturais, de gênero e etnia</u>. E este desafio está explícito na nossa missão:

Desenvolver atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, dentro de uma abordagem multirreferencial e multicultural, para educar, produzir e disseminar o saber universal, comprometendo-se e contribuindo para o desenvolvimento humano, a justiça social, a democracia e a consolidação da cidadania.

 

Uma missão audaciosa que, se por um lado, coloca-se em direção ao novo perfil societário que vislumbramos para o Brasil, por outro, distancia-se do modelo educacional superior que vem sendo desenvolvido no país e no mundo, que supervaloriza a formação técnica, academicista, que pouco contribui para o avanço da cidadania, para o enfrentamento dos conflitos gerados pelas diferenças de raça/cor, identidade de gênero, orientação sexual, religião, dentre outras.

 

Desta forma, a Faculdade Montessoriano tem investido em um Projeto Político-pedagógico inovador, que pensa e vivencia a DIVERSIDADE como condição necessária para o desenvolvimento das habilidades e competências essenciais ao cidadão planetário do século 21.

Como isso se processa no nosso currículo?

Desde a fundação da Faculdade, enfrentamos com RESILIÊNCIA (conceito muito difundido na nossa comunidade acadêmica) as dificuldades que vivenciamos, portanto precisávamos oferecer uma metodologia diferenciada para nossos estudantes, baseada na Pedagogia da Autonomia, proposta por Paulo Freire, numa perspectiva do Conhecimento Científico Contemporâneo, o conhecimento Pluriversitário, proposto por Boaventura Sousa Santos. Ou seja, garantir o desenvolvimento de competências sociais (relações interpessoais saudáveis), competências investigativas, pensamento crítico e criativo, ao passo que ampliamos o olhar dos jovens e adultos das periferias de Salvador e Região Metropolitana para o fazer científico contemporâneo, que deve extrapolar os espaços acadêmicos, interagir com todos os saberes produzidos pelo ser humano, saberes culturais, religiosos, científicos, filosóficos, das experiências cotidianas e tradicionais… não fortalecer fronteiras históricas entre as ciências (disciplinares) e destas com os saberes produzidos em outras esferas sociais, ao contrário, buscar suas intersecções, complementaridades, e contradições. Criar um espaço acadêmico vivo, dinâmico, capaz de superar as fragilidades cognitivas, simbólicas, afetivas, geradas no processo de exclusão histórica, social e acadêmica, e promover um ambiente de solidariedade cognitiva (conceito que me foi apresentado neste final de semana, durante as bancas de defesa do Interdisciplinar, pelo pesquisador Thiago Assis).

 

Em termos práticos, a Faculdade Montessoriano desenvolve um projeto de Iniciação Científica ou letramento acadêmico – os Estudos Interdisciplinares – que funciona do segundo ao sexto semestre, seguido do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC que ocorre no sétimo e oitavo semestre. Este projeto, que integra o currículo formal desde 2012, acaba envolvendo 100% do corpo docente e discente com atividades de orientação e pesquisa científica.

 

Desenvolvemos, desde 2015, o Programa Ciclos de Vida, ação institucional que visa o acompanhamento, apoio e desenvolvimento do estudante nos âmbitos pessoal, social e profissional, que articula projetos e ações de:

  • Autoconhecimento e Planejamento Pessoal, numa abordagem de coaching para a vida;
  • Planejamento de Carreira;
  • Acompanhamento psicopedagógico para estudantes com necessidades educacionais específicas;
  • Apoio psicológico/escuta e encaminhamento de questões de ordem emocional pelo Núcleo de Apoio ao Estudante;
  • Monitoria de Matemática, sendo em 2018 ampliada para Comunicação e outras áreas de formação específica;
  • Práticas Pedagógicas e Práticas Administrativas com Núcleos que promovem atividades externas e projetos especiais como foco na comunidade da Boca do Rio, a exemplo das consultorias, Portal de Negócios do Empreendedor, Projeto Saberes de alfabetização de adultos, dentre outros.

 

O Projeto Estudos Interdisciplinares e o Programa Ciclos de Vida são estratégias que tornam nosso currículo vivo e capaz de transformar pessoas e contextos sociais, haja visto que já influenciamos mais de 500 famílias nestes 12 anos de existência.

Para desenvolver uma ação pedagógica para a Autonomia o desafio passa pela formação continuada do nosso corpo docente, que é continuamente sensibilizado, provocado e desenvolvido para atuar na perspectiva da educação para a diversidade. Nesse contexto provocativo, já fizemos avanços muito significativos, tais como: vestibular adaptado para pessoa com deficiência, organização diferenciada do espaço pedagógico em sala, modelos diferenciados de avaliação, estratégias pedagógicas inclusivas para estudantes com necessidades educacionais específicas, ajuste e produção de material didático e avaliações de acordo com as demandas.

 

Todo este processo será, agora, melhor assistido pelo Núcleo de Acessibilidade Montessoriano, criado este ano e coordenado pela Profª Me. Sidenise Estrelado Sousa. Esta iniciativa decorre de duas importantes ações: a criação da Lei Brasileira de Inclusão – Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, e nossa participação na Rede Baiana de Educação Inclusiva no Ensino Superior, lançada no último dia 24 de novembro.

 

Destacamos, ainda, como ações iniciais no enfrentamento da inclusão da Pessoa com Deficiência a aproximação e assistência da Faculdade, desde 2016, com o Colégio Montessoriano, que já possui 37 alunos com necessidades educacionais específicas, incluindo um grupo significativo de crianças com TEA – Transtorno do Espectro Autista. O NAM – Núcleo de Acessibilidade Montessoriano tem como objetivo principal, portanto, garantir os direitos das pessoas com deficiência no âmbito da educação e formação acadêmica, além de orientar, apoiar e sistematizar as ações educacionais inclusivas no Colégio Montessoriano.

Neste contexto, é importante frisar que não caminhamos solitários, buscamos continuamente nos associar a instituições e programas afins aos objetivos institucionais da Faculdade a exemplo do Selo da Diversidade Étcnico-racial, proposto em 2014, pela Secretaria da Reparação, Prefeitura Municipal de Salvador. Somos signatários do Selo desde o início, e através desta parceria ingressamos no Movimento de Coalisão Empresarial para a Diversidade, nos unindo ao Instituto Ethos e o CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades.

 

Há dez dias, recebemos uma comissão de avaliadores do MEC, que conheceram profundamente nossa realidade e atestaram a qualidade acadêmica e de pleno funcionamento da Faculdade, renovando nosso Recredenciamento Institucional. Pensando nos próximos desafios que temos:

  • Ampliar o número de estudantes com deficiência e nossas condições para oferecer um atendimento educacional especializado;
  • Fazer novas reformas no campus, que garantam maior acessibilidade e conforto a estas pessoas, a exemplo da instalação do piso tátil em todos os andares, contrastes nos degraus das escadas, sinalização do ambiente em braile, dentre outras;
  • Disponibilizar tecnologias assistivas nos computadores e tablets da instituição;
  • Oferecer novos cursos de extensão e pós-graduação sobre práticas educacionais inclusivas e inserção da PCD no trabalho;
  • Consolidação das parcerias com os centros especializados como CEEBA, CAS, CAP, Instituto de Cegos, dentre outros;
  • Ampliar o número de cursos de graduação e pós-graduação, mantendo a qualidade acadêmica e o jeito de fazer educação da Faculdade Montessoriano.

 

Temos aprendido juntos, que uma sala de aula inclusiva é aquela que promove a interação de todos com todos e destes com o conhecimento, fazendo adaptações em formatos, linguagens e, especialmente, compreendendo que os resultados não devem ser comparativos. Parafraseando Vygotsky: “Não é a deficiência (ou as diferenças) que definem o destino das pessoas, mas sim o resultado do olhar da sociedade sobre ela”.

 

Muito grata pela atenção de todos!

 

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2018-05-06T00:58:16-03:00