“Temos de mudar a metodologia”, afirma criador da Sala de Aula Invertida
Em entrevista exclusiva ao Portal Universia Brasil, Jonathan Bergmann falou sobre a necessidade de mudanças radicais nos métodos atuais de ensino
Jonathan Bergmann quase não ficou parado no palco da Sede do Santander em São Paulo, durante sua palestra no 1º FlipCon Brasil – Metodologias Ativas no Ensino Superior, realizado na quinta-feira (30/8).
Vestindo calça jeans e blusa preta de mangas compridas, uma participante no auditório o achou parecido com Steve Jobs. Enquanto exibia uma série de slides no telão, andava de um lado para o outro e anunciava, com muito entusiasmo, uma característica que o lendário fundador da Apple certamente assinaria embaixo: a necessidade de inovação. Nesse caso, o alvo era a educação no planeta.
Mesmo à frente do auditório, foi bastante difícil falar alguns instantes com o professor Jonathan Bergmann, líder do movimento Sala de Aula Invertida e autor de sete livros sobre o tema. Nos poucos momentos em que o palestrante não estava focado nos detalhes de sua apresentação, ele era abordado por gestores e lideranças universitárias ansiosos por autógrafos, cumprimentos e fotografias com o criador do Flipped Learning.
Poucos minutos antes do evento e satisfeito com a presença das pessoas que lotavam o auditório, Jon Bergmann respondeu a algumas perguntas com exclusividade ao Portal Universia Brasil.
Portal Universia Brasil – O auditório está cheio de pessoas que vieram assistir à sua palestra…
Jonathan Bergmann – Está sim. Estou bastante animado!
Ao observar uma fotografia escolar antiga de nossos pais ou, até mesmo, de nossos avós, notamos que a sala de aula é muito parecida com as dos dias de hoje, em tempos tão tecnológicos. Isso te preocupa?
Sim, me preocupa, acho que temos de mudar esse modelo e passar de um modelo passivo de aprendizagem para uma metodologia ativa. A Sala de Aula Invertida é a forma mais fácil de fazer isso.
O Sr. traz hoje o conceito da Flipped Learning 3.0. Quais são as mudanças nessa nova versão?
Na versão 3.0, fatores como pesquisa, inovação em sala de aula e novas tecnologias estão mudando bastante o Flipped Learning. Estão o tornando melhor. Fazem com o que a Sala de Aula Invertidanão seja apenas mais uma estratégia de ensino, mas sim uma meta-estratégia que apoie todas as demais metodologias.
No Brasil, na maioria das vezes, nos deparamos com experiências de Flipped Learning em instituições privadas de ensino – e não nas públicas. Essa é uma tendência mundial?
A Sala de Aula Invertida funciona em todos os países ao redor do mundo, sejam em escolas mais ricas ou em mais pobres. Obviamente, o modelo exige mais criatividade e trabalho em escolas com mais dificuldades sociais, mas é possível. Não longe daqui, por exemplo, na Argentina, em Misiones, eles estão invertendo suas salas de aula, isso pode ser feito!
Experiência na Argentina
Presente no evento, o diretor executivo do Instituto Nacional de Educação Tecnológica do Governo da Argentina, Miguel Sedoff, confirmou a resposta de Bergmann sobre o sucesso da aplicação prática da Sala de Aula Invertida no país vizinho.
Na província de Misiones, do nordeste do país, a Plataforma Guacurarí começou em 2016 em um projeto-piloto com dez escolas. “Em 2017 já são 25; em 2018 esperamos implementar em 100 e em 2019, a previsão é de 400 escolas”, comenta Sedoff.
A plataforma começou sua aplicação apenas em escolas técnicas, mas a expectativa é que se expanda como proposta a todo o sistema público de educação na província.